Ao descobrir, lendo uma
reportagem, que a partir do ano que vem vou morar na cidade administrada pelo
segundo prefeito mais rico do país, lembrei-me do Imposto sobre Grandes Fortunas
(IGF). Há anos que me pergunto o porquê da Constituição Federal de 1988 ter a
previsão do IGF a ser criado por lei complementar (art. 153, VII), mas tal lei
nunca ter existido. O leitor pode, a princípio, pensar que enlouqueci: mais um
imposto em um país com tamanha carga tributária??? Ora, a carga tributária neste
país atualmente é perversa para a classe trabalhadora, incluindo a classe média,
que tem seu imposto retido na fonte, além de arcar com todo tributo incidente
sobre os produtos que consome. Também é cruel para o pequeno e médio empresário.
O IGF é necessário porque atingiria justamente o milionário que pode e deve
contribuir mais para o Estado, contribuição esta que não afetará seu padrão de
vida, suas mansões, carros luxuosos, viagens, bebidas importadas etc. Enfim, é o
tributo Robin Hood.
A previsão do IGF e da
necessária lei complementar para sua criação é de 1988. Tivemos, de lá pra cá,
José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso... Quando
Lula se elegeu presidente, imaginei que o tributo vingaria. Nada... Mas parece
que agora, sob o governo Dilma, enfim o IGF poderá ser implantado. Descobri isso
em uma rápida pesquisa no site da Câmara dos
Deputados.
Há um projeto de lei complementar (PLP 130/2012), de fevereiro de 2012, assinado por nove deputados federais do PT, de sete Estados diferentes, que cria o tributo para quem tenha um patrimônio líquido hoje superior a R$ 11,99 milhões. Este valor é resultado do conceito de grande fortuna, que o PLP define: o patrimônio líquido que exceda o valor de 8.000 (oito mil) vezes o limite mensal de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (R$ 1.499,00). Imagino que a reunião de tantos parlamentares do partido da presidenta em torno de um PLP deve contar com o aval da Excelentíssima.
Justo. O PLP atinge realmente
o milionário com M maiúsculo. Pela justificativa do projeto, os autores relatam
que apenas 0,04% das pessoas físicas que declararam renda em 2007 seriam
tributadas. Mesmo assim, a União arrecadaria R$ 6 bilhões, pelo menos, em seu
primeiro ano de vigência.
Agora é esperar... Ver se
realmente se confirma a vontade política da
presidenta...
Clique aqui para ler o texto do PLP, bem como a sua
interessante justificativa sócio-econômica.
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