Tribuna da Bahia
Se você pretende abater uma boa quantia do Imposto de Renda (IR) no
próximo ano, não espere até a hora de declarar, porque será tarde
demais. A boa notícia é que, até 31 de dezembro, é possível fazer o
planejamento tributário para garantir uma boa restituição em 2015 – ou
simplesmente pagar menos IR.
Antes de sair gastando para aumentar
suas despesas dedutíveis, é recomendável fazer uma simulação para saber
se a soma destes gastos ultrapassará R$ 15.880,89 – limite do desconto
simplificado de 20% sobre os rendimentos em 2015 (ano calendário 2014),
sugere a superintendente de Investimentos do Santander, Sinara
Polycarpo.
Caso o valor seja menor, a declaração no modelo completo
(que permite abater as despesas) é desvantajosa. Mas se a somatória dos
gastos chegar perto deste valor, compensa inclusive fazer um plano de
previdência privada PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), que permite
abater 12% do valor investido.
“Suponhamos que você tenha uma renda
anual de R$ 100 mil e faça um aporte de 12% de seus ganhos (R$ 12 mil)
no PGBL em 2014. Você poderá descontar esses R$ 12 mil da renda
tributável na declaração e terá o imposto descontado sobre R$ 88 mil”,
explica Sinara.
Assim, em vez de pagar R$ 27.500 de imposto (alíquota
de 27,5%), você pagará R$ 24,2 mil, uma economia de R$ 3,3 mil no IR
devido. “Mas como a maioria dos brasileiros possui renda bem abaixo
disso, talvez sejam poucos os que conseguem se beneficiar dessa forma”,
observa Sinara.
A especialista em tributos diretos da Thomson Reuters
no Brasil, Vanessa Miranda, lembra que os comprovantes de todas as
despesas que serão lançadas na declaração do IR devem ser guardados
muito além do momento de preencher o formulário da Receita Federal.
“O
prazo prescricional destes comprovantes é de cinco anos. Neste período,
a Receita pode exigir os documentos e é preciso tê-los em mãos para
comprovar que o gasto de fato existiu”, observa. Vanessa sugere manter
pastas com os recibos de cada ano por pelo menos sete anos.
O
planejamento tributário do IR serve não apenas para saber quanto se vai
pagar de imposto, como também para avaliar se seu patrimônio aumentou ou
encolheu no período, ressalta Sinara, do Santander. “É uma ótima
oportunidade de fazer um balanço de seus bens e comparar com o ano
anterior”, diz.
Confira abaixo as opções para conseguir um bom desconto com a declaração completa do Imposto de Renda no próximo ano:
1. Invista em um plano de previdência PGBL:
A
grande vantagem de planejar a aposentadoria contratando um Plano
Gerador de Benefício Livre (PGBL) é ser possível descontar até 12% do
valor investido no ano sobre o total dos rendimentos tributáveis,
reduzindo assim a base de cálculo do imposto a pagar.
Para isso, é
preciso informar o valor das contribuições na ficha Pagamentos
Efetuados, lembra Vanessa, da Thompson Reuters. “O PGBL traz o benefício
da dedução do IR, mas na hora do resgate, o imposto vai incidir sobre o
total resgatado”, observa.
Já o modelo VGBL (Vida Gerador de
Benefício Livre) não pode ser abatido do IR, por isso é indicado para
quem faz o modelo simplificado. “O VGBL equipara-se a uma aplicação
financeira, de maneira que o montante contribuído, quando resgatado, não
sofrerá tributação. O imposto só incidirá sobre os rendimentos”,
acrescenta Vanessa.
2. Guarde os comprovantes de gastos com saúde:
As
despesas com consultas médicas, ida ao dentista, cirurgias e plano de
saúde seu e dos dependentes podem ser descontadas integralmente na
declaração do IR. Mas é
preciso guardar todos os comprovantes para lançar mão do benefício,
ressalta Vanessa. “Peça o documento na mesma hora. Se for um
consultório médico, exija a nota fiscal. No caso de um profissional
autônomo, peça um recibo com nome e CPF de quem prestou o serviço”,
recomenda. O risco de pedir só depois os comprovantes é os profissionais
não conseguirem enviar a tempo do prazo da declaração.
A
especialista da Thompson Reuters alerta que nem todas despesas com saúde
são dedutíveis, como vacina, medicamentos comprados fora do hospital e
cirurgia plástica com fins estéticos.
O risco de ter uma despesa médica muito alta e fora dos
padrões é cair na malha fina. “Se isso acontecer, não significa que o
contribuinte fez algo errado. A Receita só quer verificar aquele gasto
incomum e pode pedir os comprovantes”, completa.
3. Faça doações para fundos credenciados:
Você
pode optar por destinar até 6% do que paga de Imposto de Renda a uma
das entidades municipais, estaduais ou federais que se enquadram no
programa, em vez de destinar esse montante ao governo. Apesar de não
haver benefício fiscal para o contribuinte, a doação faz parte do
planejamento tributário para o próximo ano.
“Você faz a doação para
ajudar a instituição, não para pagar menos imposto, uma vez que você
gastará seu dinheiro com isso”, aponta Sinara, do Santander. Doações
para ONGs, entidades sem fins lucrativos ou eventos como o Criança
Esperança, da rede Globo, não são dedutíveis, alerta Vanessa, da
Thompson Reuters.
São válidos fundos ligados ao Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) e projetos enquadrados na Lei de Incentivo à
Cultura, Lei de Incentivo à Atividade Audiovisual ou Lei de Incentivo ao
Esporte, Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com
Deficiência ou Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon).
4. Declare despesas com educação de seus dependentes:
Para
o ano calendário de 2014 (IR 2015), o limite para abater gastos com
instrução será de R$ 3.375,83. Por isso, quem paga, por exemplo,
faculdades caríssimas para três filhos não terá um benefício tão grande,
pois o limite de desconto é baixo diante dos altos custos com educação
no Brasil.
Vanessa, da Thomson Reuters, observa que somente o que se
gasta com educação oficial permite o abatimento do imposto (ensino
fundamental, médio, faculdade, pós-graduação). “Não vale incluir cursos
preparatórios para o vestibular ou para concursos públicos, assim como
de idiomas”, diz a tributarista.
5. Escriture suas despesas se for profissional autônomo:
Quem
trabalha por conta própria também pode se beneficiar da dedução de
Imposto de Renda. Para isso, é preciso fazer a escrituração (registro)
de todas suas atividades profissionais no livro-caixa, com documentos
que as comprovem.
De acordo com Vanessa, é possível deduzir até um
quinto das despesas necessárias para manter o negócio, como conta de
luz, telefone e aluguel de imóvel comercial”, explica.
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