Agência Câmara
A
Presidenta Dilma Rousseff sancionou sem vetos, nesta quinta-feira (7), a
proposta (PLP 221/12) que beneficia cerca de 450 mil micro e pequenas
empresas de 142 atividades. Elas passarão a ter acesso ao Simples
Nacional ou Supersimples, o sistema simplificado de tributos que unifica
em um boleto único oito impostos federais, estaduais e municipais.
Logo após a sanção, o ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena
Empresa, Guilherme Afif Domingos, comemorou a mudança de conceito do
Supersimples, que deixa de se basear na atividade profissional para
focar apenas no faturamento do empreendimento. "O principal benefício
foi a universalização do Simples. É o conceito de que o Simples não é
aplicado única e exclusivamente por setor: tem que ser aplicado pelo
porte da empresa", ressaltou.
Na prática, a lei beneficia todas as pessoas jurídicas que se
enquadrem como microempreendedor, microempresas e pequenas empresas, com
teto de receita bruta anual de R$ 3,6 milhões. Para o setor de
serviços, foi criada uma nova tabela de alíquotas (16,93% a 22,45%) que
varia de acordo com a atividade, como advocacia, corretagem, medicina,
odontologia e psicologia, entre outras.
A lei surgiu de um projeto do deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) e foi
consolidada no substitutivo do relator na Câmara, Deputado Claudio Puty
(PT-PA), que ressalta a abrangência do Supersimples. "O Supersimples é
mais do que, simplesmente, um pacote de benesses tributárias. É um
pacote de políticas públicas integradas que envolve desburocratização,
redução de carga tributária e o cumprimento do dispositivo
constitucional de tratamento diferenciado para as micro e pequenas
empresas, que, na verdade, são quem têm segurado o emprego neste País",
afirmou.
O coordenador da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa,
Deputado Guilherme Campos (PSD-SP), destacou duas mudanças com a nova
lei: “A universalização, permitindo que o setor de serviços seja
incorporado ao Simples, e a questão da substituição tributária, que tem
impacto direto na vida das empresas quanto à compra e venda de
produtos".
Desburocratização
Várias ações garantem a
desburocratização nos processos de abertura e fechamento de empresas.
Cria-se um cadastro único de empreendedores, centralizado no CNPJ, com o
fim das inscrições estaduais e municipais. Também acaba a chamada
substituição tributária, usada pelos estados para antecipar alíquotas de
ICMS.
Os setores beneficiados já preveem, inclusive, a redução do preço
final dos serviços ao consumidor, como afirma Marco Aurélio Gomes, dono
de um escritório contábil. "Se eu não tivesse esta opção, provavelmente
teria mais dificuldade de contratação de mão de obra e, principalmente,
maior custo dos serviços prestados. Esse tributo passa a ser pago pelo
faturamento da empresa", destacou.
O vice-presidente do Sindicato da Habitação do Distrito Federal
(Secovi-DF), Ovídio Maia, também acredita em reflexos no mercado de
trabalho, com a ampliação do número de corretores imobiliários,
sobretudo nas cidades do interior. "Isso traz a formalização da
categoria. Nós já temos 300 mil corretores no Brasil. A entrada desses
profissionais no mercado traz a segurança jurídica e eles se tornam
empresários, empreendedores. A sanção é fantástica para o mercado como
um todo."
No setor de advocacia, o Ministro Afif Domingos prevê que a inclusão
da atividade no Supersimples deve elevar o número de escritórios dos
atuais 25 mil para 125 mil, em breve.
Por força da legislação tributária e acordos fechados durante a
tramitação no Congresso, alguns dispositivos só entrarão em vigor em 1º
de janeiro de 2015. Outros, passam a valer, de fato, somente em 2016,
como a proibição da substituição tributária em alguns setores.
Para o Afif Domingos, a nova lei é um "embrião" da reforma
tributária. Ele anunciou que, em 90 dias, será concluído um estudo
conduzido pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas para rever as
tabelas do Simples. Esse estudo servirá de base para um novo projeto de
lei a ser enviado ao Congresso a fim "aperfeiçoar ainda mais o sistema".
Impulso à economia
O presidente da Câmara dos
Deputados, Henrique Eduardo Alves, afirmou que a ampliação do
Supersimples vai garantir “novo e definitivo impulso à economia
brasileira, fortalecendo o empreendedorismo e estimulando a
formalização”. Alves acompanhou a cerimônia de sanção no Palácio do
Planalto.
O texto foi aprovado pelo Plenário da Câmara no início de junho, após
intensa negociação entre os Poderes Legislativo e Executivo.
Para Alves, a sanção da lei demonstra, “de modo veemente, o empenho
da Câmara na promoção do desenvolvimento sustentável e do crescimento
econômico com justiça social, especialmente no que se refere aos
interesses da micro e pequena empresa e ao aperfeiçoamento e
modernização da legislação tributária brasileira”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente este texto: